quinta-feira, 7 de maio de 2009

"Enfim te vejo - Enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te
Que não cessei de querer-te
Pesar de quanto sofri.

Muito penei, cruas ânsias,
Dos teus olhos afastado,
Houveram-me acabrunhado
A não lembrar-me de ti!

Dum mundo a outro impelido
Derramei os meus lamentos
Nas surdas asas do vento,
Do mar na crespa cerviz!

Baldão, ludébrio da sorte
Em terra estranha, entre gente
Que alheios males não sente,
Nem se condói do infeliz!

Louco, aflito, a saciar-me
D'agravar minha ferida
Tomou-me tédio da vida,
Passos da morte senti;

Mas quase no passo extremo,
No último arcar da esperança
Tu me vieste à lembrança:
Quis viver mais e vivi!"

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