quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Por sua causa. E ainda por sua causa. E sempre.

. "Por sua causa -
- Eu não cometerei os mesmos erros que você fez, eu mesma não me deixarei causar tanto sofrimento ao meu coração, eu não vou me permitir, eu não vou cair aos pedaços que nem você caiu. Eu aprendi da maneira difícil, a nunca me deixar chegar até esse ponto. Por sua causa, eu nunca ando muito longe da calçada, por causa de você eu aprendi a jogar do lado seguro, assim eu não me machuco. Por sua causa, eu acho difícil confiar. Não só em mim, mas em todos à minha volta. Por causa de você, eu tenho medo. Eu perco meu caminho e não leva muito até você mencionar isso. Eu não posso chorar porque eu sei que isso é fraqueza nos seus olhos. Eu sou forçada a fingir um sorriso, uma risada, todos os dias da minha vida. Meu coração não pode quebrar quando não estava igualmente inteiro para começar Por sua causa eu nunca ando muito longe da calçada. Por causa de você, eu aprendi a jogar do lado seguro, assim eu não me machuco. Por sua causa eu acho difícil confiar. Não só em mim, mas em todos à minha volta. Por causa de você eu tenho medo. Eu assisti você morrer, eu ouvi você chorar toda noite no seu sono. Eu era tão jovem, você deveria saber mais e, não simplesmente contar como meu apoio. Você nunca pensou nos outros, você só viu sua dor. E agora eu choro no meio da noite, pelo mesmo maldito motivo. Eu dou o meu melhor, apenas para esquecer tudo. Por causa de você, eu não sei como deixar alguém se aproximar de mim. Por sua causa, eu estou envergonhada da minha vida, porque ela está vazia Por sua causa eu tenho medo."
. E, por pior que tenho sido, sempre se espera, sempre. Por mais que as palavras rodem dia e noite na sua cabeça, ainda é preciso alguma coisa, qualquer coisa. Quando se está há semanas drogado e sem dormir, quando o único remédio é mutilar cada pedaço do seu corpo, quando se é apenas uma criança e ninguém ve nada, tudo é invisível, dói demais. E nunca vai parar de doer. Era a única coisa que eu tinha, mas fui roubada de ter outras coisas, outras pessoas. Fiquei acorrentada ao ódio e mágoa e todo dia ainda me pergunto o porquê, todo dia tento esquecer tudo que precisei fazer, os infinitos infernos que precisei chegar, todas as marcas, para continuar invisível. Para, depois de tudo, simplesmente continuar invisível. Eu sou invisível. Eu deixei de ser alguém naquele maldito dia, eu perdi todas as minhas chances ao reaprender a ser uma pessoa. Eu aprendi e nada mais havia para me darem. Eu daria qualquer coisa para ser um vegetal ainda, daria tudo para arrancar a maldita culpa, daria tudo para não ter aprendido a ser uma pessoa e, assim, tornar-me invisível.

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